Todas as viagens têm uma história para contar. A história desta viagem é contada por viajantes dos concelhos de Almeida, Figueira Castelo Rodrigo, Mêda, Pinhel e Trancoso. Viajaram durante 15 dias, incansáveis, percorrendo estreitos, ultrapassando fronteiras, quotidianos, para partirem juntos por um único caminho. São histórias de vida, memórias e desejos comuns. De querer chegar, mas também de esperar para partir. Esta é a história de uma viagem ao interior, profundo, da singularidade do ser viajante, de um tempo suspenso, imaginário, único. De viajantes que não sabem para onde vão, só sabem que vão chegar. Levam segredos dentro das suas malas vazias. Esta é a derradeira viagem, uma história feita a várias vozes, numa única paisagem de corpos. Todas as viagens têm uma história para contar. A história desta viagem são os seus viajantes.

Quando falamos em Teatro Comunitário precisamos de entender bem que o seu ponto de partida terá de ser sempre a própria comunidade. A sua natureza, a sua diversidade, inquietações e receios. Mas sobretudo a sua vontade em dialogar e de se expressar na própria comunidade onde se insere. Neste processo acrescentamos o teatro e a música como ferramentas unificadoras e amplificadoras da própria comunidade. O teatro passa então a ser o espaço privilegiado para a criação e reflexão artística de questões da própria comunidade. Este foi um processo artístico comunitário único, de 15 dias em horários pós-laborais. Envolveu mais de 40 pessoas entre os 9 e os 80 anos, que tiveram a coragem de aceitar este mote e partir nesta viagem. Uma aprendizagem intensa, difícil e curta para tanto ainda que havia para dar. Uma experiência que nos faz acreditar ainda mais na enorme capacidade que todos temos como seres humanos: sonhar. Fica este momento único, este espetáculo, esta festa da vida que é também a grande viagem que todos partilhamos juntos.